E daqui a um ano?
A crer nos dados hoje divulgados, os portugueses mantém-se bastante pessimistas. Ainda assim, o pessimismo é significativamente maior quando questionados sobre como estará a economia daqui a um ano do que em relação ao seu próprio agregado familiar. Provavelmente não é uma percepção muito realista. A dimensão e a profundidade desta crise é tal que poucas famílias escaparão de modo directo ou indirecto ao seu impacto.
Contudo, estes dados entram em contradição com a tendência revelada pelo indicador de clima económico do INE, publicado na semana passada, que revela um interrupção do movimento descendente que se verificava há um ano e que tinha atingido um pico no mês de Abril. Tanto mais que esta inversão foi acompanhada por uma variação positiva dos indicadores de confiança em todo os sectores económicos.
Mas, provavelmente, o aspecto mais paradoxal destes resultados é o seu cruzamento com as intenções de voto apuradas na mesma sondagem. Perante uma crise desta dimensão o que se esperaria seria, por um lado, uma reprovação do partido que está no Governo e, por outro, uma desafectação geral face aos partidos políticos, na medida que se têm revelado incapazes de contrariar a depressão económica e social. Curiosamente, nenhuma destas tendências se está a verificar, o que sugere que os portugueses continuam a ver no executivo e nos partidos do sistema capacidade para responder à crise. Resta saber até quando resiste essa avaliação positiva.
Se daqui a um ano a resposta à mesma pergunta continuar a mostrar indicadores tão negativos, o problema continuará a ser económico e social, mas assumirá contornos políticos com os quais será difícil de lidar.
texto publicado no Diário Económico como comentário a estes resultados da sondagem da Marktest.
Contudo, estes dados entram em contradição com a tendência revelada pelo indicador de clima económico do INE, publicado na semana passada, que revela um interrupção do movimento descendente que se verificava há um ano e que tinha atingido um pico no mês de Abril. Tanto mais que esta inversão foi acompanhada por uma variação positiva dos indicadores de confiança em todo os sectores económicos.
Mas, provavelmente, o aspecto mais paradoxal destes resultados é o seu cruzamento com as intenções de voto apuradas na mesma sondagem. Perante uma crise desta dimensão o que se esperaria seria, por um lado, uma reprovação do partido que está no Governo e, por outro, uma desafectação geral face aos partidos políticos, na medida que se têm revelado incapazes de contrariar a depressão económica e social. Curiosamente, nenhuma destas tendências se está a verificar, o que sugere que os portugueses continuam a ver no executivo e nos partidos do sistema capacidade para responder à crise. Resta saber até quando resiste essa avaliação positiva.
Se daqui a um ano a resposta à mesma pergunta continuar a mostrar indicadores tão negativos, o problema continuará a ser económico e social, mas assumirá contornos políticos com os quais será difícil de lidar.
texto publicado no Diário Económico como comentário a estes resultados da sondagem da Marktest.
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