Uma bicicleta para cada um
José Sócrates chegou a esta entrevista durante uma tempestade perfeita: uma crise económica e social sem paralelo na história recente e que vem agravar os défices estruturais do país; conflitualidade institucional com a Presidência da República e, claro, o caso FreePort.
A entrevista – um formato com escassa intermediação e no qual Sócrates se sente particularmente à vontade – revelou um primeiro-ministro determinado (reconhecendo que carrega uma cruz com o caso Freeport, mas que “não é desta forma que o vencem”); a negar o arrefecimento das relações institucionais com Belém (o que só é explicável por avisada prudência política) e a revelar mais uma medida para diminuir o impacto da crise (o alargamento do acesso ao subsídio social de desemprego).
Sem grandes novidades nos argumentos, houve, contudo, uma metáfora usada por Sócrates que sintetiza bem o que será este ano político: “cada um tem de puxar a sua bicicleta”. Um recado que pareceu ser também destinado a Cavaco Silva.
Por relação aos seus competidores directos, o “ciclista” Sócrates tem, contudo, manifestas vantagens (à cabeça o facto de ser o único candidato à “camisola amarela”, a primeiro-ministro), mas resta saber se a determinação será suficiente. Uma das consequências de uma tempestade perfeita é deixar as “bicicletas” em bastante mau estado. Com o desemprego a crescer, com a economia em recessão e com o caso Freeport a “envenenar” o debate político, não basta a Sócrates puxar a sua bicicleta para renovar a maioria absoluta. É esse o drama político desta crise.
comentário à entrevista de José Sócrates, publicado no DN.
A entrevista – um formato com escassa intermediação e no qual Sócrates se sente particularmente à vontade – revelou um primeiro-ministro determinado (reconhecendo que carrega uma cruz com o caso Freeport, mas que “não é desta forma que o vencem”); a negar o arrefecimento das relações institucionais com Belém (o que só é explicável por avisada prudência política) e a revelar mais uma medida para diminuir o impacto da crise (o alargamento do acesso ao subsídio social de desemprego).
Sem grandes novidades nos argumentos, houve, contudo, uma metáfora usada por Sócrates que sintetiza bem o que será este ano político: “cada um tem de puxar a sua bicicleta”. Um recado que pareceu ser também destinado a Cavaco Silva.
Por relação aos seus competidores directos, o “ciclista” Sócrates tem, contudo, manifestas vantagens (à cabeça o facto de ser o único candidato à “camisola amarela”, a primeiro-ministro), mas resta saber se a determinação será suficiente. Uma das consequências de uma tempestade perfeita é deixar as “bicicletas” em bastante mau estado. Com o desemprego a crescer, com a economia em recessão e com o caso Freeport a “envenenar” o debate político, não basta a Sócrates puxar a sua bicicleta para renovar a maioria absoluta. É esse o drama político desta crise.
comentário à entrevista de José Sócrates, publicado no DN.
<< Home