Conflitualidade laboral ou política?
Seria expectável que num contexto de aproximação de eleições e de acentuar da crise económica e social, a contestação organizada tendesse a aumentar. Será que é isto que vai acontecer em Portugal durante este ano?
É sabido que não só apresentamos níveis de conflitualidade (medidos pelo número de greves) comparativamente baixos em termos europeus, como se tem verificado uma tendência de acentuada descida. Contudo, há indícios de que a baixa conflitualidade laboral coexiste com níveis elevados de contestação política de base sindical.
A manifestação de ontem é um exemplo de mobilização política do movimento sindical sem uma componente visível de conflitualidade laboral. Não houve convocação de greves, nem as reivindicações que tipicamente lhes estão associadas. É, aliás, provável que, quando forem apurados os dias de trabalho perdidos, fiquemos bem longe dos 200 mil manifestantes de que fala a CGTP.
Este tipo de afirmação da CGTP é problemática: por um lado é difícil manter a conflitualidade política a níveis elevados durante um período alargado de tempo sem qualquer tipo de reivindicação, para além de um radical “mudar de rumo”; por outro circunscreve a mobilização a uma contestação política que acantona o movimento sindical.
O próximo ano pode vir a caracterizar-se pela mobilização impressiva do movimento sindical, contudo, é duvidoso que esta vá para além da base política estanque na qual, com consequências muito negativas para o país, assenta o sindicalismo em Portugal.
publicado no DN.
É sabido que não só apresentamos níveis de conflitualidade (medidos pelo número de greves) comparativamente baixos em termos europeus, como se tem verificado uma tendência de acentuada descida. Contudo, há indícios de que a baixa conflitualidade laboral coexiste com níveis elevados de contestação política de base sindical.
A manifestação de ontem é um exemplo de mobilização política do movimento sindical sem uma componente visível de conflitualidade laboral. Não houve convocação de greves, nem as reivindicações que tipicamente lhes estão associadas. É, aliás, provável que, quando forem apurados os dias de trabalho perdidos, fiquemos bem longe dos 200 mil manifestantes de que fala a CGTP.
Este tipo de afirmação da CGTP é problemática: por um lado é difícil manter a conflitualidade política a níveis elevados durante um período alargado de tempo sem qualquer tipo de reivindicação, para além de um radical “mudar de rumo”; por outro circunscreve a mobilização a uma contestação política que acantona o movimento sindical.
O próximo ano pode vir a caracterizar-se pela mobilização impressiva do movimento sindical, contudo, é duvidoso que esta vá para além da base política estanque na qual, com consequências muito negativas para o país, assenta o sindicalismo em Portugal.
publicado no DN.
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