Da cooperação ao arrefecimento
Os três anos do mandato de Cavaco Silva podem ser divididos em dois períodos: um de cooperação estratégica com o Governo e outro de arrefecimento das relações institucionais.
Inicialmente, o ponto de intersecção entre Governo e Presidência foi a consolidação orçamental. Nesse contexto, o papel do Presidente era claro: reforçar a capacidade política do Governo para equilibrar as contas públicas e levar a cabo reformas impopulares.
O efeito combinado da sucessão de notícias que visam a credibilidade de José Sócrates, a eleição de Ferreira Leite (a “boa moeda” próxima de Cavaco Silva) para a direcção do PSD e a chegada da crise internacional veio alterar o papel do P.R. e a sua relação com o Governo.
Numa altura em que a disciplina das contas públicas foi secundarizada, Belém e São Bento ainda não encontraram um novo ponto de sintonia. O que não deixa de ser paradoxal, tendo em que conta que as respostas às manifestações domésticas da crise requerem níveis de cooperação bem mais intensos do que qualquer dos desafios do passado recente.
Resta saber se, no próximo ano, Cavaco Silva se afastará mais do executivo – cedendo à tentação a que tem sabido resistir de tutelar a oposição – ou se se assistirá a uma reaproximação, da qual o País beneficiaria e da qual depende também a sua reeleição.
publicado no DN.
Inicialmente, o ponto de intersecção entre Governo e Presidência foi a consolidação orçamental. Nesse contexto, o papel do Presidente era claro: reforçar a capacidade política do Governo para equilibrar as contas públicas e levar a cabo reformas impopulares.
O efeito combinado da sucessão de notícias que visam a credibilidade de José Sócrates, a eleição de Ferreira Leite (a “boa moeda” próxima de Cavaco Silva) para a direcção do PSD e a chegada da crise internacional veio alterar o papel do P.R. e a sua relação com o Governo.
Numa altura em que a disciplina das contas públicas foi secundarizada, Belém e São Bento ainda não encontraram um novo ponto de sintonia. O que não deixa de ser paradoxal, tendo em que conta que as respostas às manifestações domésticas da crise requerem níveis de cooperação bem mais intensos do que qualquer dos desafios do passado recente.
Resta saber se, no próximo ano, Cavaco Silva se afastará mais do executivo – cedendo à tentação a que tem sabido resistir de tutelar a oposição – ou se se assistirá a uma reaproximação, da qual o País beneficiaria e da qual depende também a sua reeleição.
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