Regresso da convergência
Havia expectativa em relação à intervenção do Presidente. Restava saber se este discurso seria mais um contributo para o arrefecimento da “convergência estratégica” com o Governo ou, pelo contrário, um reaproximar entre as duas partes.
Como o primeiro-ministro se apressou a dizer, este foi o discurso da “consonância perfeita”. Desde logo porque Cavaco Silva enquanto falou dos “tempos difíceis” ligou-os ao “carácter não favorável da situação internacional”; depois porque o Presidente, quase parafraseando uma tónica em que José Sócrates tem insistido para fazer o contraponto com o pessimismo de Ferreira Leite, sublinhou que perante estas dificuldades “a vontade e o querer dos portugueses terão de ser mais fortes”. A intervenção teve também uma nota mais crítica para o Governo, “o que é vivido pelos cidadãos não pode ser iludido pelos agentes políticos”. Contudo, esta dimensão pode ser utilizada pelo Executivo para inverter um pouco o optimismo do seu discurso, criando as condições para prosseguir a trajectória de consolidação orçamental, sem ceder a alguma tentação eleitoralista. Afinal, se não é possível fazer diferente, o Governo irá certamente defender que isso se deveu à situação internacional. Só assim se explica o silêncio de Ferreira Leite e a insatisfação das restantes oposições com o discurso.
publicado no Diário Económico.
Como o primeiro-ministro se apressou a dizer, este foi o discurso da “consonância perfeita”. Desde logo porque Cavaco Silva enquanto falou dos “tempos difíceis” ligou-os ao “carácter não favorável da situação internacional”; depois porque o Presidente, quase parafraseando uma tónica em que José Sócrates tem insistido para fazer o contraponto com o pessimismo de Ferreira Leite, sublinhou que perante estas dificuldades “a vontade e o querer dos portugueses terão de ser mais fortes”. A intervenção teve também uma nota mais crítica para o Governo, “o que é vivido pelos cidadãos não pode ser iludido pelos agentes políticos”. Contudo, esta dimensão pode ser utilizada pelo Executivo para inverter um pouco o optimismo do seu discurso, criando as condições para prosseguir a trajectória de consolidação orçamental, sem ceder a alguma tentação eleitoralista. Afinal, se não é possível fazer diferente, o Governo irá certamente defender que isso se deveu à situação internacional. Só assim se explica o silêncio de Ferreira Leite e a insatisfação das restantes oposições com o discurso.
publicado no Diário Económico.
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