O ano de todas as responsabilidades
Esta
semana, na rentrée do PSD, Passos Coelho terá de começar a traçar as linhas
mestras da proposta orçamental. Depois de 2012 ter ficado longe de ser o “ponto
de viragem” que Vítor Gaspar anunciou vagarosamente, com a estratégia de
austeridade expansionista a falhar de forma colossal na receita e sem poder
recorrer de novo aos cortes na despesa com salários de funcionários públicos e
pensionistas, o Governo tem diante de si um exercício quase impossível. Uma diminuição
do défice adicional de 6 mil milhões de euros, depois do fracasso anunciado da
execução orçamental deste ano (que nunca será inferior a 2 mil milhões), e com
o regresso aos mercados previsto para Setembro de 2013. É uma tarefa hercúlea
face à qual o Governo terá de assumir todas as responsabilidades, já não podendo
socorrer-se do sempre eficaz jogo de passa-culpas.
Passado 2012,
o mantra de que a “culpa é do Sócrates” tenderá a perder eficácia e a ausência
de reservas ideológicas em relação à troika torna o Executivo responsável pela
caminho seguido. Em 2013 não haverá vida política para além do orçamento e
Passos Coelho será avaliado pelos critérios que ele próprio definiu. Preso
entre a espada e a parede, resta saber se para cumprir a meta dos 3% a opção
será, como sugeriu após a decisão do Tribunal Constitucional, aumentar ainda
mais a carga fiscal ou regressar à lengalenga dos cortes nas gorduras do
Estado. O primeiro caminho arruína a credibilidade do Governo, já o segundo tem
um fascínio populista mas também um impacto marginal nas contas públicas.
texto de antecipação do discurso do Pontal, publicado no Expresso de 11 de Agosto
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