Uma onda vale milhões
A realização de uma etapa do circuito mundial em Peniche pôs o surf na agenda mediática. É bom que isso aconteça. Uma onda vale milhões de euros e em Portugal o potencial das ondas é imenso. Num paper recente, Pedro Bicudo e Ana Horta (do IST) estimam que uma onda de qualidade possa ter um impacto no turismo na ordem dos 100 milhões de euros anuais. Faz sentido. Não apenas o número de praticantes em Portugal tem crescido bastante, como, numa sondagem recente, 90% dos europeus escolhiam o surf como o desporto que mais gostariam de experimentar. Da África do Sul à Indonésia, passando pelo País Basco, há localidades que se transformaram radicalmen- te porque tinham condições óptimas para o surf. Jeffrey's Bay, Uluwatu ou Mundaka são lugares prósperos porque se reconverteram de longínquas terras costeiras em destinos turísticos de surf. Com ganhos evidentes: desenvolveram-se (preservando a sua identidade) e encontraram um equilíbrio ambiental, obrigadas a proteger um recurso natural - uma onda de excelência. Há várias ondas em Portugal que podem funcionar como pólo de atracção do turismo de surf. Mas, como lembra o mesmo paper, em Portugal continuam a ser destruídas ondas de enorme qualidade: o Jardim do Mar na Madeira, Rabo de Peixe nos Açores ou o caso mais recente do Cabedelo na Figueira da Foz. Há autarcas sentados em cima de uma autêntica galinha de ovos de ouro, mas que, em lugar de a usarem como alavanca para o desenvolvimento, preferem destruí-la.
publicado hoje no i
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