A economia do surf
Dez anos depois, uma etapa do circuito mundial de surf volta a passar por Portugal. É uma óptima notícia para os adeptos da modalidade, que durante duas semanas, se as condições do mar em Peniche o permitirem, vão poder assistir a um espectáculo notável.
Mas é também um óptimo sinal para a economia portuguesa, que tem no surf uma oportunidade de enorme potencial.
Num estudo recente, dedicado ao ‘hypercluster' mar, coordenado por Ernâni Lopes, era afirmado que a economia do mar poderia ser, ao mesmo tempo, uma força propulsora e um catalizador capaz de dinamizar um conjunto de sectores com elevado potencial de crescimento e capacidade para atrair investimento. Tanto mais que o potencial económico do mar tem sido escassamente explorado, nomeadamente através de investimentos inovadores, capazes de acrescentar valor. Ora o surf é precisamente um dos sectores onde melhor se pode combinar crescimento sustentado, com criação de novas oportunidades económicas no quadro da economia do mar.
Tal como há na Europa regiões inteiras cujo desenvolvimento virtuoso radicou nos desportos de neve, o surf poderia desempenhar o mesmo papel alavancador em várias zonas de Portugal. O surf poderia estar para o turismo português como os desportos de neve estão para os Alpes suíços.
O turismo de surf não é massificado, representa um nicho de mercado em franca expansão e é ambientalmente sustentável. Os surfistas, até porque o desporto depende de um recurso natural (as ondas), valorizam as boas práticas ambientais, o que estimula a preservação ecológica das praias. Esta preocupação ambiental funciona como um constrangimento positivo, que contraria a propensão para a destruição do orla costeira - tarefa à qual se têm dedicado muitos autarcas portugueses ao longo de décadas.
Portugal tem, no contexto europeu, condições únicas para a prática de surf. Temos um clima temperado, ondas de qualidade e, não menos relevante, condições para o surf durante todo o ano. A estas condições acresce a nossa centralidade, nomeadamente quando comparado com outros destinos de surf, bem mais distantes. Além do mais, tendo em conta que as melhores ondulações são fora do Verão, o surf pode ajudar a compensar as quedas na ocupação hoteleira fora da época alta.
O surf pode ajudar a fazer uma síntese de que muitas regiões do país bem necessitam: gera novos recursos, mas contribui também para preservar recursos naturais, que tradicionalmente eram vistos como um empecilho ao desenvolvimento económico. Os bons exemplos das autarquias de Peniche e de Cascais - que têm visto no surf uma oportunidade para a criação de uma nova identidade local - bem podiam ser seguidos por muitas outras câmaras do pais que, tendo ondas de qualidade, não só não cuidam da sua protecção, como desprezam o seu potencial económico.
publicado no Diário Económico.
Mas é também um óptimo sinal para a economia portuguesa, que tem no surf uma oportunidade de enorme potencial.
Num estudo recente, dedicado ao ‘hypercluster' mar, coordenado por Ernâni Lopes, era afirmado que a economia do mar poderia ser, ao mesmo tempo, uma força propulsora e um catalizador capaz de dinamizar um conjunto de sectores com elevado potencial de crescimento e capacidade para atrair investimento. Tanto mais que o potencial económico do mar tem sido escassamente explorado, nomeadamente através de investimentos inovadores, capazes de acrescentar valor. Ora o surf é precisamente um dos sectores onde melhor se pode combinar crescimento sustentado, com criação de novas oportunidades económicas no quadro da economia do mar.
Tal como há na Europa regiões inteiras cujo desenvolvimento virtuoso radicou nos desportos de neve, o surf poderia desempenhar o mesmo papel alavancador em várias zonas de Portugal. O surf poderia estar para o turismo português como os desportos de neve estão para os Alpes suíços.
O turismo de surf não é massificado, representa um nicho de mercado em franca expansão e é ambientalmente sustentável. Os surfistas, até porque o desporto depende de um recurso natural (as ondas), valorizam as boas práticas ambientais, o que estimula a preservação ecológica das praias. Esta preocupação ambiental funciona como um constrangimento positivo, que contraria a propensão para a destruição do orla costeira - tarefa à qual se têm dedicado muitos autarcas portugueses ao longo de décadas.
Portugal tem, no contexto europeu, condições únicas para a prática de surf. Temos um clima temperado, ondas de qualidade e, não menos relevante, condições para o surf durante todo o ano. A estas condições acresce a nossa centralidade, nomeadamente quando comparado com outros destinos de surf, bem mais distantes. Além do mais, tendo em conta que as melhores ondulações são fora do Verão, o surf pode ajudar a compensar as quedas na ocupação hoteleira fora da época alta.
O surf pode ajudar a fazer uma síntese de que muitas regiões do país bem necessitam: gera novos recursos, mas contribui também para preservar recursos naturais, que tradicionalmente eram vistos como um empecilho ao desenvolvimento económico. Os bons exemplos das autarquias de Peniche e de Cascais - que têm visto no surf uma oportunidade para a criação de uma nova identidade local - bem podiam ser seguidos por muitas outras câmaras do pais que, tendo ondas de qualidade, não só não cuidam da sua protecção, como desprezam o seu potencial económico.
publicado no Diário Económico.
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