A proximidade entre legislativas e autárquicas tornou as eleições de ontem numa escolha “pura”. Não apenas era difícil que as autárquicas servissem para expressar um voto de protesto ao Governo (que ainda não existe), como as diferenças em alguns concelhos muito populosos entre o voto nas legislativas de há duas semanas e as eleições de ontem revelam a maturidade do eleitorado, capaz de distinguir os dois actos.
As autárquicas serviram também para consolidar um padrão com lastro histórico em Portugal. Quem exerce o poder executivo e se recandidata a um novo mandato, ganha. Com algumas excepções, foi isso que aconteceu: um mapa autárquico que, em importante medida, replica o de 2005. Sendo que, ainda assim, o PS conquistou, quer ao PSD (ex. Ourém e Leiria), quer ao PC (ex. Beja) autarquias que se mantinham estáveis desde há muito.
Depois, ontem ficou demonstrada a dificuldade de enraizamento do BE como partido autárquico, particularmente visível quando o PS se afirma com partido âncora à esquerda, como aconteceu com Costa em Lisboa (de facto coligado com o “alegrismo”). Também o PC teve uma quebra em concelhos simbólicos, mostrando dificuldade em substituir os seus autarcas modelo – problema que se acentuará em 2013. Finalmente, a derrota de Lisboa – que poderia ser a única tábua de salvação para Ferreira Leite – torna o processo de sucessão no PSD uma inevitabilidade.
publicado no Diário Económico de hoje (escrito ontem às 22 horas, quando ainda não era perceptível a extensão da vitória do PS).
As autárquicas serviram também para consolidar um padrão com lastro histórico em Portugal. Quem exerce o poder executivo e se recandidata a um novo mandato, ganha. Com algumas excepções, foi isso que aconteceu: um mapa autárquico que, em importante medida, replica o de 2005. Sendo que, ainda assim, o PS conquistou, quer ao PSD (ex. Ourém e Leiria), quer ao PC (ex. Beja) autarquias que se mantinham estáveis desde há muito.
Depois, ontem ficou demonstrada a dificuldade de enraizamento do BE como partido autárquico, particularmente visível quando o PS se afirma com partido âncora à esquerda, como aconteceu com Costa em Lisboa (de facto coligado com o “alegrismo”). Também o PC teve uma quebra em concelhos simbólicos, mostrando dificuldade em substituir os seus autarcas modelo – problema que se acentuará em 2013. Finalmente, a derrota de Lisboa – que poderia ser a única tábua de salvação para Ferreira Leite – torna o processo de sucessão no PSD uma inevitabilidade.
publicado no Diário Económico de hoje (escrito ontem às 22 horas, quando ainda não era perceptível a extensão da vitória do PS).
<< Home