O momento de convergência
Algures em 2013, a narrativa
do Governo perderá o pouco sentido que ainda lhe resta. Depois do cumprimento
das metas nominais do défice “custe o que custar” ter fracassado e, em
substituição, ter sido alimentado o discurso da refundação, chegará o momento
em que falhanço orçamental, diminuição do rendimento das famílias e
instabilidade na coligação convergirão. A pairar sobre tudo isto, uma
capacidade sempre surpreendente de Passos Coelho para, com os seus discursos
confusos e circulares, lançar autênticas granadas para dentro do próprio
Governo.
Uma
coisa é a disponibilidade, que era manifesta, dos portugueses para fazerem
sacrifícios em nome de um objectivo compreensível, outra, bem diferente, é
prolongar os sacrifícios quando as metas falham e tudo carece de sentido. Com
menos rendimento disponível por força do tsunami
fiscal, da diminuição de salários e do emprego e com as contas públicas a
revelarem que o esforço está, novamente, a ser em vão, em meados de 2013, a
credibilidade da dupla Passos/Gaspar tenderá à rarefação. Paulo Portas terá,
então, a oportunidade de que precisa para pôr fim à coligação sem sair
demasiadamente penalizado.
Logo
depois, estaremos condenados a reviver uma história conhecida: ilusões em
campanha, facilidades anunciadas e um novo Governo impotente.
antecipação do ano político de 2013, publicado no Expresso de 29 de Dezembro
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