terça-feira, janeiro 15, 2013

O momento de convergência


Algures em 2013, a narrativa do Governo perderá o pouco sentido que ainda lhe resta. Depois do cumprimento das metas nominais do défice “custe o que custar” ter fracassado e, em substituição, ter sido alimentado o discurso da refundação, chegará o momento em que falhanço orçamental, diminuição do rendimento das famílias e instabilidade na coligação convergirão. A pairar sobre tudo isto, uma capacidade sempre surpreendente de Passos Coelho para, com os seus discursos confusos e circulares, lançar autênticas granadas para dentro do próprio Governo.
            Uma coisa é a disponibilidade, que era manifesta, dos portugueses para fazerem sacrifícios em nome de um objectivo compreensível, outra, bem diferente, é prolongar os sacrifícios quando as metas falham e tudo carece de sentido. Com menos rendimento disponível por força do tsunami fiscal, da diminuição de salários e do emprego e com as contas públicas a revelarem que o esforço está, novamente, a ser em vão, em meados de 2013, a credibilidade da dupla Passos/Gaspar tenderá à rarefação. Paulo Portas terá, então, a oportunidade de que precisa para pôr fim à coligação sem sair demasiadamente penalizado.
            Logo depois, estaremos condenados a reviver uma história conhecida: ilusões em campanha, facilidades anunciadas e um novo Governo impotente.

antecipação do ano político de 2013, publicado no Expresso de 29 de Dezembro