Sinais de crise sistémica
A tendência mais saliente deste barómetro é o crescimento de opiniões negativas sobre quem neste momento tem responsabilidades políticas de facto: o primeiro-ministro, como era inevitável, vê as avaliações positivas decrescerem e as negativas crescerem e o PS perde cinco pontos. O mesmo acontecendo, aliás, com o Presidente – ainda que com menor intensidade. Contudo, este declínio continua a não se traduzir em ganhos equivalentes para os partidos que poderiam ser uma alternativa aos socialistas. Faz sentido. Num cenário de degradação genérica da imagem da actividade política, combinada com a sugestão de que há zonas cinzentas de relações promíscuas entre políticos e actividades empresariais, é o próprio sistema que sai corroído. Ou seja, a oposição do ‘arco da governabilidade’ tem também dificuldades em capitalizar a seu favor. Quando o debate político se centra progressivamente numa espiral de casos de corrupção e clientelismo, este tipo de partidos não consegue extrair ganhos políticos. As crises sistémicas tendem é a favorecer quem se apresenta como não fazendo parte do sistema. Não por acaso, o Bloco de Esquerda recupera cinco pontos neste sondagem e aparenta ser o único vencedor da crise. Conclusão: o retrato deste barómetro não augura nada de bom no que toca às possibilidades efectivas de sairmos politicamente da crise em que nos encontramos.
publicado hoje no Diário Económico como comentário ao barómetro da marktest.
publicado hoje no Diário Económico como comentário ao barómetro da marktest.
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