De costas voltadas
Existe uma tensão permanente
nas escolhas para lideranças dos partidos de Governo. Deve ser a vontade dos
militantes a imperar ou o que os potenciais eleitores desejam? Provavelmente um
pouco das duas coisas. Em todo o caso, a capacidade de afirmação e a
probabilidade de vitória dependem da forma como militantes e sociedade alinham
as suas preferências. Neste momento, há sinais de que há uma clivagem entre
quem os militantes do PS desejam para líder (António José Seguro) e quem os
eleitores do PS queriam ver como candidato a primeiro-ministro (António
Costa).
Se
estivermos apenas perante uma clivagem conjuntural, ultrapassável por uma maior
afirmação de Seguro ou por uma vitória interna de Costa, não vem daí mal ao
mundo. Se, pelo contrário, estivermos perante a consolidação de um divórcio
entre o que pensam os militantes dos partidos e o que ambicionam os eleitores
desse mesmo partido, então o problema é mais sério.
Há infelizmente sinais de
que partidos e portugueses se encontram, cada vez mais, de costas voltadas.
Talvez seja chegada a altura de envolver nas escolhas para lideranças
partidárias o conjunto da sociedade. Escolher um candidato a primeiro-ministro
é uma questão demasiado importante para ficar circunscrita aos militantes
partidários.
comentário à sondagem sobre quem é o melhor secretário-geral para o PS, publicado no Expresso de 9 de Fevereiro
<< Home