Menos pobres
Não passa muito tempo sem que sejamos confrontados com os níveis intoleráveis de pobreza em Portugal. É bom que tenhamos presente a dimensão do problema: ajuda a manter o combate às desigualdades como prioridade política. Mas, enquanto isso acontece, convém valorizar colectivamente o muito que vai sendo feito para enfrentar o fenómeno. Esta semana, no meio do pessimismo que varre o país, o Padre Jardim Moreira, da Rede Europeia Anti-Pobreza, revelava o seu espanto com o sucesso da estratégia nacional para os sem-abrigo, que está a ultrapassar as melhores expectativas. Metade dos objectivos traçados para seis anos foram alcançados em nove meses e só no Porto mais de mil pessoas deixaram de dormir nas ruas. Já a Associação Nacional de Direito ao Crédito celebrou dez anos, durante os quais apoiou, através do microcrédito, o empreendorismo emancipador de mais de mil pobres. No final da semana, o Presidente da Cais sublinhava que sem transferências sociais (entre elas o rendimento mínimo), a nossa taxa de pobreza seria de 41%.
São motivos para satisfação, mas serve também para revelar como o nosso sucesso relativo na resposta à pobreza mais severa não tem sido acompanhado no combate ao conjunto das desigualdades. Se temos hoje instrumentos para combater as formas extremas de pobreza, continuamos estrangulados por níveis salariais que fazem dos trabalhadores uma parte importante dos pobres. É isso que está em causa com aumentos do salário mínimo acima dos salários médios.
publicado no i.
São motivos para satisfação, mas serve também para revelar como o nosso sucesso relativo na resposta à pobreza mais severa não tem sido acompanhado no combate ao conjunto das desigualdades. Se temos hoje instrumentos para combater as formas extremas de pobreza, continuamos estrangulados por níveis salariais que fazem dos trabalhadores uma parte importante dos pobres. É isso que está em causa com aumentos do salário mínimo acima dos salários médios.
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